Na terça-feira, 29 de agosto, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15) oficializaram, no Fórum Trabalhista de Paulínia, a transferência de recursos decorrente de uma decisão judicial para a compra de um microscópio de fluorescência de última geração. Esse equipamento será usado para avaliar amostras de tecidos tumorais no Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital de Clínicas da Unicamp, tornando-se o primeiro microscópio desse nível disponível na região. O valor destinado ao Hospital de Clínicas da Unicamp foi de R$ 800.000,00.
Representando a Unicamp no evento realizado no Fórum Trabalhista de Paulínia estavam as professoras Albina M. A. Altemani e Fernanda Viviane Mariano Brum Corrêa, do Departamento de Anatomia Patológica da FCM, e o ex-superintendente do hospital, Antonio Gonçalves de Oliveira Filho. Os recursos transferidos originam-se de uma decisão judicial que condenou a Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás e a Techint S/A ao pagamento de indenização por dano moral coletivo.
Fernanda Mariano detalhou: "Esta conquista é resultado de sete anos de várias tentativas, e a inclusão da investigação por FISH na rotina diagnóstica e na pesquisa possibilitará diagnósticos mais precisos, determinando um tratamento mais adequado aos pacientes portadores de tumores, além de avançar a linha de pesquisa em Patologia Molecular do nosso Laboratório."
O projeto foi escolhido pelo MPT, com a participação do juízo trabalhista de Paulínia, dentre várias outras entidades. Na cerimônia, a entrega simbólica foi promovida pelo presidente do TRT-15, desembargador Samuel Hugo Lima, e pelo procurador do MPT, Eduardo Luís Amgarten, representando o procurador-chefe do MPT, Dimas Moreira da Silva. Além disso, estiveram presentes o desembargador Fábio Bueno de Aguiar, a desembargadora aposentada Maria Inês Corrêa de Cerqueira César Targa, a juíza diretora do Fórum Trabalhista de Paulínia, Claudia Cunha Marchetti, o juiz Oseias Pereira Lopes Junior, titular da 1ª Vara do Trabalho de Paulínia, e os juízes destacados no Fórum Trabalhista local, Sofia Lima Dutra e Gustavo Zabeu Vasen.
O juiz Oséas Pereira Lopes Junior, encarregado da homologação dos montantes a serem repassados, iniciou a cerimônia e expressou que essas escolhas foram "indicações confiáveis" por parte do MPT, especialmente devido ao histórico de contribuições para a sociedade feitas pela Unicamp, pelo Grupo Primavera e pelos Seareiros. Ele concluiu sua fala afirmando que não há palavras suficientes para elogiar o trabalho destas instituições.
Logo após, o procurador Eduardo Amgarten destacou que este é um momento que pede uma ponderação sobre o papel da Justiça do Trabalho, que, por meio de decisões como esta, pode contribuir significativamente para a sociedade. Ele elogiou o TRT-15 por sua coragem habitual de julgar com base no "caminho mais nobre, que é o do amor", conforme expresso por Paulo em 1 Coríntios 13.1-13.
O presidente também prestou uma homenagem especial à desembargadora Maria Inês Targa, a qual ele chamou de um "ícone da magistratura do trabalho" devido à sua "coragem" no julgamento do caso Shell/Basf. Este processo foi julgado na 2ª Vara do Trabalho de Paulínia pela então juíza Maria Inês, e se tornou um marco na história dos casos trabalhistas no Brasil.
O microscópio, por sua vez, permitirá a análise da técnica FISH (Hibridização in situ por fluorescência), que possibilita a detecção de mutações genéticas em tumores. Isso, por sua vez, auxilia os médicos especializados na determinação da terapia mais apropriada para cada tipo de tumor. O valor destinado ao Hospital de Clínicas da Unicamp também inclui um contrato de manutenção de cinco anos e um computador especializado com softwares para análise de imagens de amostras biológicas.
A diretora do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de Clínicas assegura que a incorporação desse novo equipamento representa um avanço tecnológico significativo na área. Ela explicou que "essa conquista é o resultado de sete anos de inúmeras tentativas, e a integração da investigação por meio da técnica FISH na rotina de diagnóstico e pesquisa possibilitará diagnósticos mais precisos, permitindo tratamentos mais adequados para pacientes com tumores. Além disso, impulsionará nossa pesquisa na área de Patologia Molecular do laboratório".
A professora Fernanda Viviane Mariano Brum Corrêa, do Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Clínicas (HC), que é patologista oral, explicou que na reação são investigados genes específicos já conhecidos por suas mutações. Para isso, sequências de DNA (sondas) são combinadas com substâncias fluorescentes e incubadas com o tecido em análise. O resultado da marcação determina se há ou não a mutação genética no tumor em questão, o que orienta sua classificação e nomenclatura. A professora destacou que atualmente a nomenclatura e classificação dos tumores são baseadas em características morfológicas, imunohistoquímicas e moleculares, o que, por sua vez, pode direcionar terapias mais específicas e individualizadas, com diferentes perspectivas prognósticas.
Segundo Fernanda Mariano, na microscopia de fluorescência, a amostra incubada com as sondas marcadas com fluoróforos emite luz quando excitada por uma fonte de luz (filtros de fluorescência), produzindo uma imagem de alta resolução. Ela explicou que a técnica FISH complementará os processos já existentes no laboratório, como a análise da morfologia (aparência do tumor) por meio da coloração de hematoxilina e eosina (H&E), colorações especiais e a técnica de imuno-histoquímica (reação de antígeno-anticorpo), que são visualizadas através de microscopia óptica convencional.
O microscópio é totalmente motorizado, flexível e fácil de usar, com um porta-objetiva para focalizar a amostra e proporcionar estabilidade adicional por meio da fixação da platina. O controlador possui interruptores que permitem alternar entre diferentes métodos de observação, objetivas e unidades de espelho, enquanto realiza ajustes de intensidade ou captura de imagens.